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FALAR SOBRE O DIAGNÓSTICO: POR QUE NÃO?


Apesar de saber que não existe receita de bolo ou algo que funcione para todos, tenho um pouco de dificuldade em compreender a escolha de alguns pais em tentar “esconder” o fato de o filho ter TEA, dos que convivem com ele.


Em uma das cartilhas ofertadas pelo Ministério da Saúde podemos ler expressamente o entendimento de que alguns profissionais podem “de forma bem intencionada, proteger do estigma uma pessoa com TEA, abstendo-a de um diagnóstico”. Em um momento histórico em que tanto é feito para conscientizar acerca da importância do diagnóstico e intervenção precoce, principalmente se levarmos em conta a plasticidade cerebral e janelas de oportunidades, tal tipo de orientação pode ser um desserviço sem tamanho. Infelizmente é o que profissionais que seguem determinadas linhas teóricas ainda costumam fazer.


Quando os próprios profissionais pensam a questão do diagnóstico como um tabu, isso com certeza é passado aos pais de alguma forma e aí teremos pais escondendo das escolas, da família e dos amigos a condição do filho, para “poupá-lo” de ser visto como “ diferente”.


Em primeiro lugar, ser “ diferente” não é demérito. Em segundo, tal estratégia é efetiva? Será que não falar sobre autismo irá proteger os filhos dos comentários inconvenientes e dos olhares atravessados que, inevitavelmente, surgem? Será que a diferença não será, independente de darmos um nome a ela, percebida, apontada e comentada? E, sendo assim, não seria melhor que as pessoas entendessem sobre tal condição para que ao falar sobre ela, o fizessem com algum conhecimento de causa?


Percebo a opção de “não falar sobre” como uma tentativa de proteção por parte dos pais que é totalmente falha, na medida em que não evita a possível estigmatização da criança cuja diferença está exposta, quer se fale sobre isso, quer não. Contando ou não sobre o diagnóstico, este é um risco ao qual nosso filho (como qualquer um de nós) sempre estará sujeito e não temos poder para impedir que isso aconteça.


Para mim, é claro como água que, na medida em que meu filho cresce, suas peculiaridades e atrasos chamam mais a atenção das pessoas. Meu pensamento sempre foi que se eu tratasse a questão como um tabu, é assim que as pessoas próximas iriam ver; se eu tratasse com naturalidade, é assim que seria visto.


Sendo assim, minha escolha foi a de preferir escancarar a situação a conviver com especulações e teorias criadas pelo imaginário dos que iriam tentar, a seu modo, explicá-la. Jamais passou pela minha cabeça não conversar abertamente sobre autismo, por exemplo, com os profissionais da escola, onde meu filho passa simplesmente dez horas dos seus dias, de segunda a sexta-feira!


Falar sobre a condição da criança não deve ser pensado como algo que irá limitar a forma com que o trabalho será conduzido com ela, mas com certeza irá nortear, o que pode contribuir muito! Digo mais, falar liberta.


Em tempo: O Ministério da Saúde disponibiliza uma outra cartilha, que avalio como muito bacana e que merece ser compartilhada.


Segue link:

http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_atencao_reabilitacao_pessoa_autismo.pdf


Um grande abraço e até a próxima!

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